Perfis fitness podem esconder perigos

Perfis fitness podem esconder perigos
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Internet é campo fértil para a divulgação de treinos e dietas muitas vezes inconsequentes; especialistas alertam sobre as armadilhas para a saúde

Divulgação de treinos e planos alimentares na internet motivam principalmente quem sonha com soluções imediatas
Eles têm milhões de seguidores nas redes sociais e conquistam a fama pelos corpos esculturais. Em tempos de blogs e perfis fitness, atletas e adeptos de exercícios físicos expõem suas rotinas e ganham a atenção de muita gente.
Seja com uma dieta que promete “secar” em poucos dias, ou uma sequência de exercícios que garante tonificar “rapidinho” os músculos, a divulgação de treinos e planos alimentares na internet vem motivando principalmente aqueles que sonham com soluções imediatas.
Mas se por um lado existem diversos profissionais atuando com ética e conhecimento científico, por outro há muitas armadilhas nas entrelinhas. No ano passado, o ex-namorado da famosa blogueira fitness Gabriela Pugliesi, Ricardo Barbato foi autuado pelo Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região (CREF4/SP).
Ele dava aulas de treinamento funcional e ginástica, sem habilitação profissional. As denúncias começaram nas redes sociais, com a divulgação de um de seus treinos.
“As redes sociais exigem bom senso das pessoas. Fisiologicamente, cada corpo tem sua especificidade e, portanto, não existe uma receita única. Somente uma pessoa capacitada pode avaliar e prescrever o treino adequado”, aponta o profissional de Educação Física, Antônio Eduardo Branco.
Ele é presidente do CREF da 9ª Região do Estado do Paraná. De acordo com a entidade federal, todas as denúncias, relativas ao exercício ilegal da profissão ou falsidade ideológica, são registradas através dos conselhos regionais.
No ano passado, o CREF9/PR visitou 2.545 academias e notificou 1.115 pessoas jurídicas por irregularidades, que inclui a falta de registro do estabelecimento até a ausência de autorização de estágio.
A entidade ainda encaminhou 360 indivíduos ao Ministério Público por falsidade ideológica e exercício ilegal da profissão, ou seja, muitas pessoas atuavam como profissionais, sendo leigas no assunto.
“Nosso trabalho é fazer com que a sociedade tenha consciência de que é preciso procurar um profissional registrado, pois além da ética, seguirá as normativas”, afirma.
Entre as competências do profissional, Branco ressalta a solicitação de um diagnóstico médico sobre o estado geral de saúde do indivíduo e até a atuação em conjunto com um nutricionista para a construção de um programa (alimentação e treino), respeitando as características de cada corpo e organismo.
“Um grande problema das orientações on-line é a falta de acompanhamento. O exercício passado à distância, não garante a execução correta e a avaliação, por exemplo, dos batimentos cardíacos do praticante”, completa.
Há algumas semanas, um acidente vitimizando uma estudante de 21 anos retomou os holofotes quanto à prática de exercícios sem acompanhamento profissional. A jovem estava em uma aula experimental na academia, quando sofreu um acidente ao executar o abdominal invertido e fraturou a coluna.
Segundo informações preliminares, ela estava se exercitando sozinha. O CREF4/SP irá investigar o acidente para apurar as responsabilidades dos envolvidos.

Coração: exames simples podem dizer muito

Antes de sair correndo por aí, dando início a uma rotina de atividade física, é importante checar a saúde do coração, com basicamente três testes: um exame clínico, um eletrocardiograma e uma dosagem em laboratório para avaliar o colesterol. 
 

 

Essa recomendação é dada pelo cardiologista Ricardo José Rodrigues, que reforça ainda mais o recado, quando considera os indivíduos que fumam, bebem, têm histórico de alguma doença na família ou ainda são sedentários e estão com sobrepeso. 
 

 

“Na maioria das vezes, os problemas ocasionados naqueles que estão iniciando uma prática ocorrem pela falta de informação sobre adaptação à atividade. O sedentário precisa de um programa para se condicionar. Tem que ser gradativo, de fortalecimento, alongamento, resistência e melhora do potencial aeróbico”, sustenta. 
 

 

Responsável pelo ambulatório de coronariopatias do Hospital Universitário (HU) em Londrina, Rodrigues explica que no grupo com fatores de risco, citados acima, uma avaliação aprofundada é fundamental. 
 

 

“Porque a doença pode ainda não ter se manifestado e, assim, o exercício pode funcionar como um ‘gatilho’ importante para uma arritmia ou mesmo infarto”, comenta. 
 

 

Quanto aos casos de mal súbito entre jovens, inclusive entre aqueles fisicamente ativos, o especialista diz que é comum a relação com uma doença congênita ou histórico familiar. 
 

 

Ele cita, por exemplo, a miocardiopatia hipertrófica, assim como as canalopatias, que são doenças do sistema elétrico do coração, e a displasia arritmogênica do ventrículo direito. “Há também um outro grupo de pacientes que se infectam com algum vírus e desenvolvem miocardite, uma infecção no músculo”, completa. 
 

 

No entanto, Rodrigues afirma que é mais comum ter morte súbita após os 30 anos, especialmente em provas de exaustão, como maratona e triatlo. “Inclusive acima dos 40, é preciso alertar o paciente que exercícios extenuantes aumentam a mortalidade”, diz. 
 

 

Para concluir, o especialista salienta que o exercício físico visando a promoção de saúde é quando se gasta em torno de 2.000 a 2.500 kcal por semana e trabalha em uma faixa aeróbica, que pode ser calculada assim: 220 batimentos cardíacos, menos a idade. O resultado é multiplicado por 0,6 para obter o parâmetro mínimo e por 0,8, para o valor máximo. (M.O.)

 

Micaela Orikasa
Reportagem Local
em frente à clínica

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