30 milhões de brasileiros sofrem com hipertensão
No Dia Nacional de Combate à Pressão Arterial, profissionais da saúde alertam para a importância da prevenção
Rúbia Maria Caramanico: “Caminho 10 quilômetros por dia e minha alimentação é regulada”
Cerca de 30 milhões de brasileiros adultos têm hipertensão, mas estima-se que apenas metade deles saibam que sofrem do problema. Muitas vezes silenciosa, a pressão alta está relacionada à principal causa de morte no País, que são as doenças cardiovasculares, principalmente os acidentes vasculares cerebrais e as doenças arteriais coronarianas, como infarto e angina. Nesta terça-feira, data em que se comemora o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Pressão Arterial, os profissionais de saúde alertam para a necessidade de reforçar o trabalho de prevenção e controle do problema.
Apenas 5% dos casos de hipertensão têm uma causa e a mais comum é a doença renal crônica. Os outros 95% são originados por uma associação de fatores, como obesidade, sedentarismo, tabagismo, alterações das taxas de colesterol, diabetes, estresse, ingestão de sódio e gordura em excesso, idade, além de antecedentes familiares. Com exceção da hereditariedade e da idade, todas as outras causas da doença podem ser eliminadas com a mudança de hábitos.
“Se combater o sedentarismo, a obesidade, o tabagismo e o estresse, já reduz bem a chance de ter hipertensão”, explicou o cardiologista Laércio Uemura, de Londrina. A recomendação é praticar 150 minutos de atividade física aeróbica por semana, além de reduzir o consumo de álcool, abandonar o cigarro e tentar evitar o estresse.
Parece difícil, mas os ganhos para a saúde compensam o esforço. Para quem ainda não se animou, os números podem ser um bom estímulo para começar a mudar o estilo de vida. A cada ano, 300 mil brasileiros morrem em decorrência de doenças cardiovasculares, aquelas causadas pela pressão alta. Aqui, a taxa de mortalidade é de 552 óbitos para cada 100 mil pessoas, o que nos coloca em sexto lugar na lista dos países com mais alta taxa de morte por doenças cardíacas, infarto e hipertensão arterial. No mundo, são 9,4 milhões de mortes todos os anos, conforme dados da Organização Mundial da Saúde.
Foi a preocupação com a saúde que levou a orientadora educacional Rúbia Maria Caramanico, de 57 anos, a mudar de hábitos. Há cerca de dez anos, ela estava 14 quilos acima do peso e decidiu adotar uma nova rotina. Alterou a alimentação e passou a praticar atividade física regularmente. “Antes, eu trabalhava, voltava para casa, comia e dormia. Foi quando me percebi com peso acima do normal e decidi iniciar uma atividade física. Agora, caminho 10 quilômetros por dia, de três a quatro vezes na semana. Minha alimentação é regulada, sem gordura e excesso de sal, não fumo, não bebo e durmo bem”, contou. “Meço a pressão de duas a três vezes por semana e está normal. Vou ao cardiologista de seis em seis meses e não tenho nenhum problema de saúde.”
Rúbia disse que a idade também foi um motivador. E ela está certa. Segundo o cardiologista Laércio Uemura, a pressão aumenta com a idade e as mulheres tendem a ser mais afetadas pela hipertensão arterial com o passar dos anos. “Na mulher, a incidência é menor até a época da menopausa. A partir daí, a incidência da doença começa a se igualar entre os sexos e, a partir dos 75 anos de idade, a hipertensão prevalece na mulher em razão da queda nos níveis de hormônio, mesmo que seja feita a reposição hormonal.”
A servidora pública aposentada Regina Célia Raposo, de 65 anos, não faz atividade física com regularidade, fuma e tem dificuldades para dormir, então faz uso de tranquilizantes. A pressão é alta e, para controlá-la, recorre à medicação. “Minha pressão está controlada. Não sou de muito sal e gordura. Não sinto canseira nem dor de cabeça e faço minhas atividades do dia a dia normalmente. Ando para cima e para baixo.”
Os medicamentos, explicou o cardiologista, são necessários para controlar a pressão de boa parte dos pacientes. O nível considerado aceitável é abaixo de 14 por 9. “Hoje, há medicamentos bastante efetivos e com baixa incidência de efeitos colaterais. A dificuldade maior que a gente tem é a adesão ao tratamento. Mudar o estilo de vida é difícil, mas tomar o medicamento com regularidade também não é fácil. O remédio deve ser tomado sempre e de forma correta.”
Saiba como prevenir
O controle da pressão arterial passa pelo combate ao sedentarismo, obesidade, tabagismo, estresse e mudanças na alimentação, com a ingestão de menos sódio e gordura e redução do consumo de bebidas alcoólicas;
A recomendação é ingerir de 5 a 6 gramas de sódio por dia. Nesse cálculo devem ser considerados os produtos industrializados, de onde vêm mais de 60% do sódio consumido pela população;
Adoçantes à base de ciclamato de sódio também podem conter altos níveis de sódio. É preciso ter cuidado com produtos dietéticos e dar preferência aos adoçantes à base de stevia pura e sucralose;
Para ajudar a controlar a pressão, a recomendação é fazer pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica, divididos entre três e cinco vezes durante a semana, ou caminhar 10 mil passos por dia;
Pessoas acima dos 18 anos de idade devem medir a pressão arterial ao menos uma vez ano ano, mas se houver fatores de risco, a medição deve ser feita com maior frequência.
Fonte: Laércio Uemura, cardiologista (Londrina)
Simoni Saris
Reportagem Local
Reportagem Local
Foto: Fábio Alcover
Folha de Londrina
26/04/2016