Cuidado com as dietas milagrosas
Especialista alerta que dietas restritivas podem levar à desidratação, sobrecarga dos rins e fígado e desenvolvimento de doenças cardíacas, entre outros problemas
Elas garantem a perda rápida de peso, o sumiço das gordurinhas indesejáveis e uma barriga “chapada”. São promessas de quem divulga ou oferece as chamadas dietas milagrosas ou da moda. O que nem todas as pessoas mencionam são os riscos que essas dietas oferecem à saúde. Especialistas alertam que dietas restritivas podem levar à desidratação, sobrecarga dos rins e fígado, elevação do nível de colesterol ruim e ao desenvolvimento de doenças cardíacas.
“As dietas da moda geralmente restringem determinado alimento ou nutriente. Perde-se peso porque a ingestão de calorias passa a ser menor do que o gasto calórico, independente da qualidade do que se ingere. Perde-se carboidratos, proteínas, água, vitaminas, gorduras”, afirma o cardiologista Willyan Nazima, de Londrina. “O risco disso é que as perdas rápidas de peso, sem grandes esforços, podem trazer vários prejuízos para a saúde, já que acabam sobrecarregando diversos órgãos.”
Entre as famosas dietas milagrosas, Nazima cita as que privilegiam, quase que exclusivamente, o consumo de proteínas, excluindo a ingestão de carboidrato. O grande prejuízo, segundo ele, está relacionado à perda de líquidos, incluindo minerais como potássio e sódio, essenciais para o bom funcionamento do sistema cardiovascular.
“Logo, esse consumo excessivo de gorduras saturadas presentes em carnes vermelhas, queijos, ovos e embutidos de todo o tipo pode elevar os níveis de colesterol e, portanto, causar doenças cardíacas”, detalhou o especialista do Centro do Coração de Londrina.
Se mantida por muito tempo, as dietas restritivas podem causar também, segundo o médico, anemia, queda de cabelo, enfraquecimento das unhas, falta de vitaminas importantes e, até mesmo, anorexia. Além de sintomas como náuseas, tonturas, fraquezas, dores de cabeça, insônia e irritabilidade.
Efeito sanfona
O cardiologista acrescenta que outro fator bastante negativo em relação a esse tipo de dieta está relacionado ao efeito sanfona. “Ela não é sustentável. A pessoa volta a engordar em seguida. Isso acontece, porque nosso organismo não se adapta rapidamente a essa novidade. A pessoa volta a consumir mais calorias do que gasta e o peso é reposto”, explica, observando que a baixa ingestão de calorias também pesar na balança.
“Dietas pobres em carboidratos, gorduras e proteínas são difíceis de serem mantidas. O organismo entra em estado de alerta, pois percebe que está faltando combustível para o corpo e então armazena o quanto puder. É fisiológico.”
Para o cardiologista, a perda de peso deve ser vista sempre como uma consequência das mudanças para hábitos de vida mais saudáveis e não como objetivo principal. E essas mudanças devem incluir necessariamente, de acordo com ele, a prática de atividades físicas. “O emagrecimento é praticamente uma fórmula matemática: se você ingerir alimentos com mais calorias dos que perde diariamente, você engorda. As atividades físicas entram em jogo pois são elas que ajudam a aumentar o gasto calórico.”
O especialista aconselha que para ter uma vida mais saudável e, consequentemente, emagrecer é preciso ter uma vida regrada, com uma alimentação balanceada em quantidade e qualidade, boas noites de sono e prática de atividades físicas regulares.
“Uma dieta segura e eficaz é aquela composta por todos os nutrientes necessários à saúde do organismo, como carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas, minerais, fibras e água, que podem ser encontrados nos pães, grãos, frutas, verduras e legumes, carnes e castanhas. Cada pessoa tem uma necessidade de calorias de acordo com cada metabolismo e o gasto individual e a orientação de um nutricionista é fundamental nesse processo de mudança”, analisa.
Fernanda Carreira
Reportagem Local
Folha de Londrina
09/02/2012