Sexo depois do infarto. Posso?
É normal que
o paciente que passa pelo período pós-infarto fique restrito à prática de
atividades físicas. Nessa lista está incluso o sexo. “É muito comum que tanto o
paciente como seu cônjuge o medo de não poder mais praticar sexo para o resto
da vida”, aponta o cardiologista do Centro do Coração de Londrina, Ricardo José
Rodrigues.
Mas a
restrição, na maioria dos casos, se apresenta de forma temporária. Para grande
parte dos infartados é liberada a atividade sexual assim que se constate a
recuperação do coração.
O médico
explica que a ereção masculina está relacionada ao sistema cardiovascular. “Ela
só é possível quando os corpos cavernosos do pênis (dois “tubos” que vão da
base à glande) são preenchidos com sangue. Para isso, as artérias que vão para
o pênis precisam estar dilatadas e o coração precisa bombear o sangue para que
ele chegue até o órgão”.
E o infarto
acaba por matar ou danificar determinada área do coração, devido à falta
de irrigação sanguínea no local. No entanto, ainda assim, o músculo cardíaco
tende a manter seu papel. “O que a gente consegue observar é que somente os
infartos mais agudos e extensos podem prejudicar o funcionamento do coração e
acabar limitando o paciente no dia a dia. É por isso que, na maioria dos casos,
o infarto não compromete a ereção e nem a capacidade de se exercitar”, explica
Rodrigues.
Para que o
paciente possa analisar se está preparado para voltar à atividade sexual, o
médico faz uma comparação. “Qualquer tipo de gasto energético numa relação habitual
conjugal corresponde a subir dois lances de escada. Se o paciente consegue
fazer esse exercício, significa que consegue realizar a atividade sexual
normalmente”, aponta o cardiologista.
Mas o
especialista faz um alerta importante. “Cada caso é um caso. Apenas o médico e
o paciente, juntos, poderão dizer se o indivíduo está apto a praticar atividade
sexual e outros tipos de exercícios físicos”, frisa. A realização de uma
avaliação física, além do conhecimento sobre a rotina do paciente antes do
ocorrido, são alguns dos fatores que não podem ser esquecidos.
Resta, após
a recuperação física do coração, recuperar o aspecto psicológico da relação sexual,
que costuma ficar abalado após o infarto, por insegurança ou mitos disseminados
com a crença popular. Portanto, a atividade sexual será recuperada de maneira
saudável e gradativa, sempre com conversa franca entre o paciente, seu médico e
o cônjuge.