Câncer de mama e coração
No mês de
combate ao câncer de mama, vale o alerta: é preciso monitorar o coração de
pacientes com câncer durante o tratamento da doença. Tudo por conta da
cardiotoxicidade. Efeito colateral adverso ao coração dos tratamentos
quimioterápicos e, principalmente radioterápicos, ela pode significar uma
herança dos procedimentos agressivos contra os tumores.
Acontece
que, tanto a radioterapia como a quimioterapia, procedimentos utilizados para “atingir
o tecido acometido pelo câncer”, também podem, em alguns casos, causar danos a tecidos
saudáveis. E quando isso ocorre no músculo cardíaco, na membrana que envolve o
coração (pericárdio) ou nos vasos sanguíneos, o paciente corre o risco de
desenvolver uma disfunção ventricular, isquemia, arritmia, hipertensão arterial
ou alterações metabólicas, valvares e pericárdicas. “São os problemas mais
comuns provocados pelos tratamentos (oncológicos)”, explica o cardiologista
Ricardo José Rodrigues, do Centro do Coração.
“Visto como
portador de uma doença crônica, o paciente com câncer pode apresentar
descompensações agudas, entre elas, as manifestações cardiovasculares”, explica
o cardiologista do Centro do Coração de Londrina, Ricardo José Rodrigues.
No entanto,
é preciso salientar que não são todos os medicamentos utilizados no tratamento
do câncer que são considerados cardiotóxicos. “E nem todo paciente submetido
aos procedimentos desenvolverá algum problema cardíaco”, atesta Rodrigues. Segundo
a Organização Mundial de Saúde (OMS), este problema acomete cerca de 10% dos
pacientes com câncer. “Hoje é possível detectar com precisão possíveis
alterações cardíacas e tratá-las”, afirma Rodrigues.
O
cardiologista acrescenta ainda que os pacientes muito jovens ou idosos, que
foram submetidos à irradiação ou doses altas de quimioterápicos e/ou que já
apresentavam doenças cardiovasculares antes do tratamento contra o câncer têm
predisposição maior a desenvolver problemas do coração em decorrência da cardiotoxicidade.
“Alguns medicamentos utilizados no tratamento de linfomas e do câncer de mama podem
ser nocivos ao coração”, aponta.
O
especialista frisa, no entanto, que os tratamentos contra o câncer são seguros
– até mesmo para pacientes que apresentam problemas cardíacos prévios. “É
primordial realizar o acompanhamento precoce do coração do paciente com câncer,
o que permitirá tratar o quanto antes qualquer manifestação adversa dos medicamentos
oncológicos”, encerrou.