Uma a cada seis pessoas terá AVC


Todos os anos cerca de 15 milhões de pessoas sofre um Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido também por derrame. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a segunda principal causa de óbito no mundo. Só para ter ideia, sete milhões de pessoas morrem por ano no mundo em decorrência da doença. No Brasil, são registrados anualmente 129 mil casos. E mais: O custo de um paciente hospitalizado por conta de um AVC chega a US$ 4 mil para o Sistema Único de Saúde.
Os números foram apresentados durante o 8º Congresso Mundial de AVC ocorrido recentemente em Brasília. Com a expectativa de vida aumentando gradativamente, a Organização Mundial de AVC (World Stroke Organization – WSO) estima que uma em cada seis pessoas terá AVC uma vez na vida nos próximos anos. Por conta desses números, atualmente médicos e pesquisadores consideram o AVC uma epidemia global.
O acidente vascular cerebral pode ser isquêmico, isto é, quando uma artéria do cérebro é entupida, ou hemorrágico – quando há rompimento de uma artéria e derramamento de sangue no cérebro. De acordo com o médico Ricardo Pavanello, supervisor de Cardiologia do HCor, em São Paulo, aproximadamente 90% dos acidentes vasculares cerebrais são isquêmicos, ou seja, ocorrem quando há um entupimento nas artérias responsáveis pela irrigação cerebral.
A obstrução é geralmente causada por coágulos sanguíneos formados na parede das artérias ou no interior do coração. Dependendo da região cerebral atingida, o paciente sofrerá sequelas maiores ou menores, podendo até mesmo chegar a óbito. O especialista explica que em ambos os tipos de AVC ocorrem a morte de células do sistema nervoso central, os neurônios.
O médico neurologista José Breno Ferraz Junior explicou que os fatores de risco para o AVC são os mesmos para doenças cardíacas. ”Pressão arterial alta, fibrilação atrial, tabagismo, colesterol alterado, diabetes e sedentarismo”, enumera ele. ”O AVC é como um infarto, mas ocorre no cérebro”, esclarece. O médico acrescenta que alguns fatores de risco podem ser prevenidos, mas a idade avançada e a predisposição genética também interferem.
Nos últimos anos houve muitos avanços nos diagnósticos e tratamentos do AVC. ”As drogas mais modernas e o avanço das tecnologias permitem que o diagnóstico seja feito de maneira segura possibilitando um tratamento mais rápido e eficaz”, salienta. As chances de uma pessoa que tem um AVC sofrer outro incidente é maior, por isso é necessário acompanhamento médico e uso de medicamentos para prevenir novo episódio.
O professor do Programa de AVC da Universidade Nacional do México, Carlos Cantu Brito, que participou recentemente do 8º Congresso Mundial de AVC no Brasil, destacou as sequelas que a doença pode deixar. O paciente pode apresentar problemas de linguagem, dificuldade motora – que pode inclusive deixar acamado, problemas de visão, memória e mudança de comportamento. ”Se a pessoa não se reabilitar em seis meses, há pouca chance de ela se recuperar das sequelas posteriormente”, destaca.
De acordo com Airton Massaro, presidente do 8º Congresso Mundial de AVC, o atendimento ao paciente com AVC deve ser feito em no máximo quatro horas e meia depois do acidente. ”Temos medicamentos que podem desobstruir a artéria e reduzir as sequelas neste período de tempo”, afirma. Ele destaca que a mortalidade de pacientes com AVC está sendo reduzida no Brasil, mas por outro lado é registrado aumento no número de pessoas que ficam incapazes.
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