Campanha vai ensinar leigos a socorrer cardíaco
Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia mostram que de cada 100 pacientes com parada cardíaca, 60 morrem antes de chegar ao hospital
No Brasil, todos os anos, ocorrem cerca de 180 mil paradas cardíacas, a maior parte delas longe dos hospitais, o que contribui para que o número de óbitos seja alto. De acordo com o médico cardiologista, diretor de Tecnologia de Informação da Sociedade Paranaense de Cardiologia e coordenador do Treinamento de Emergências Cardiovasculares da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Willyan Nazima, de cada 100 pacientes com parada cardíaca, 60 morrem no local do incidente. Dos 40 que são hospitalizados somente entre seis e dez sobrevivem.
O cardiologista defende que para reduzir o número de óbitos é preciso ensinar pessoas leigas a fazerem a massagem cardiopulmonar. ”A Sociedade Brasileira de Cardiologia está preparando uma campanha em nível nacional com treinamentos que serão ministrados às pessoas interessadas, além de policiais e bombeiros”. Conforme ele, a massagem cardíaca aumenta muito a chance de sobrevida do paciente se for realizada a tempo e de forma adequada.
Os cuidados pós parada são fundamentais para garantir uma vida em qualidade após o incidente. De acordo com o médico, quando o paciente chega ao hospital uma das técnicas usadas para reduzir lesões neurológicas é a hipotermia. ”Resfriamos a temperatura do paciente de 36,5 graus para 33 graus, esta manobra reduz a velocidade do metabolismo celular”, explica. A técnica é usada principalmente em pacientes que têm a circulação espontânea retomada mas não saem do estado de coma.
O médico acrescentou que quando o coração fica parado ocorrem mudanças nas células do sangue e do cérebro que provocam lesões cerebrais quando a circulação é reiniciada. ”Com a temperatura reduzida nós conseguimos diminuir a ocorrência destes danos”, acresenta. O tempo de resfriamento varia de 12 a 24 horas e a hipotermia protege o cérebro, reduz a atividade inflamatória e diminui a formação de substâncias tóxicas pelas células.
Nazima explica que para alcançar este objetivo muitos profissionais utilizam gelo e soro gelado, mas desta forma não é possível estabilizar a temperatura do paciente. Equipamentos modernos possibilitam a redução, manutenção da baixa temperatura e reaquecimento do paciente com segurança. Um deles é o sistema de hipotermia por superficie. ”São espécies de placas colocadas sobre o corpo do paciente, elas são ligadas a um tipo de computador que é responsável pelo resfriamento”, disse. Durante o procedimento o paciente é monitorado com um sensor de temperatura que transmite informações ao médico.
Outro dispositivo que também pode ser utilizado para reduzir a temperatura do paciente com segurança é endovenoso, ele tem pequenos balões que possibilitam o resfriamento do paciente de dentro para fora. O médico explica que um dos pontos positivos destes novos equipamentos é estabilidade da hipotermia, já que as variações amplas de temperatura aumentam o risco de complicações infecciosas. Nazima foi o primeiro médico brasileiro a fazer a capacitação para utilização destas técnicas no Universidade da Pensilvânia dos Estados Unidos. ”É uma técnica muito nova que ainda não é de domínio dos médicos”, destaca.
Em Londrina o serviço está disponível, mas não para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Michelle Aligleri
Reportagem Local