Atenção com o colesterol

Atenção com o colesterol

Pacientes com índice elevado são sérios candidatos a desenvolver uma doença coronariana

 
Londrina – Se você é daqueles que não abre mão daquela picanha “suculenta”, adora pizza, lanches e outros tipos de comidas gordurosas, é bom ficar atento depois de ler esta matéria. Você pode estar incluso num grupo de risco que só cresce no Brasil nos últimos anos: de pacientes com colesterol elevado. E o que isso pode lhe trazer de ruim? Você é um sério candidato a desenvolver uma doença coronariana. 

No Dia Nacional de Controle do Colesterol, lembrado hoje, vale novamente o alerta: a incidência de morte por doenças cardiovasculares tem crescido em dados alarmantes no mundo todo. Somente nos Estados Unidos, mais de um milhão de pessoas morrem por ano de infarto agudo do miocárdio sem sequer terem recebido o primeiro atendimento. No Brasil, onde as doenças coronarianas matam de 300 a 400 mil pessoas por ano, já é a primeira causa de mortalidade no país. 

Recentemente a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) divulgou que 40% da população, algo em torno de 4 milhões de brasileiros, têm colesterol elevado. Esse é um dos principais fatores de risco para a morte súbita por infarto (que é a falta completa de oxigenação do músculo cardíaco), definitivamente apontada como um dos maiores vilões para a saúde do coração. Isso porque, além de favorecer o infarto agudo no miocárdio, o colesterol elevado pode, dentre outros males, provocar a obstrução das artérias da perna levando à trombose, bem como a obstrução da retina causando a cegueira precoce. 

METAS DE LDL

A preocupação é tão grande que, em outubro do ano passado, a SBC colocou em vigência nova diretriz para baixar as metas de LDL – o chamado colesterol ruim – no sangue de pacientes de alto e médio risco, sobretudo, no caso das mulheres. “O que se nota nos últimos é o aumento da mortalidade por doença cardíaca e é possível que isso esteja ocorrendo pelo fato das metas estarem um pouco acima do que seria preciso no caso delas”, diz o médico cardiologista do Centro do Coração de Londrina, Ricardo Rodrigues. 

Antes da nova diretriz, as mulheres entravam para o grupo de risco quando a chance de sofrer um infarto ou derrame era de 20% em dez ano, o mesmo que ocorria com os homens. Agora, o alerta passa a valer com chances de 10%. “Hoje a mulher tem um modo de vida que não tinha na época das diretrizes antigas. Estão no mercado de trabalho, o que gera estresse, fumando mais, e os riscos de infarto consequentemente aumentaram. Um perfil que antes era de baixo risco, hoje não é mais”, argumenta o cardiologista. 

O nível limite aceito pelos médicos de LDL no sangue de um paciente de alto risco era de 100 miligramas por decilitro desde 2007, número que caiu para 70 com a nova recomendação da SBC. Em situações de risco intermediário, a redução é de 130 para 100. 

ENERGIA

O colesterol é um tipo de gordura produzido pelo fígado que gera energia para garantir o funcionamento normal do organismo. Mas também está presente em certos alimentos que podem contribuir para aumentar essa taxa, a exemplo de carnes, ovos e derivados do leite. 

Rodrigues explica que o colesterol é transportado no sangue em diferentes tipos de pacotes denominados lipoproteínas. A porção do colesterol LDL (Low-density-lipoprotein/lipoproteína de baixa densidade), também conhecido como mau colesterol, transporta o colesterol, inclusive dos alimentos, para o organismo. Já a porção do colesterol HDL (High-density-lipoprotein/Lipoproteína de alta densidade), também denominada de bom colesterol, remove o colesterol da corrente sanguínea. 

O cardiologista conta que a função LDL produz placas de gorduras em excesso nas artérias que, acumuladas, podem ocasionar o fenômeno arteriosclerose craniana, ou entupimento da artéria. “Se uma artéria que supre sangue para o coração ficar entupida, a pessoa pode ter um ataque do coração. Se uma artéria que supre sangue para o cérebro ficar entupida poderá ocasionar um derrame”, explica.

CONFIRA QUAIS ALIMENTOS SÃO INDICADOS

 
Inimigos 

1. Frituras

Coxinha, risole, batata frita, chips. Esses alimentos são extremamente nocivos. Mesmo que se utilize um bom óleo vegetal ou até azeite extravirgem, ao ser aquecido, o óleo passa por reações químicas e forma gordura trans, que eleva o LDL. Prefira alimentos grelhados e assados. 

2. Queijos amarelos

Prato, mussarela, cheddar, gouda. Os queijos amarelados são os que apresentam maior teor de gordura saturada e colesterol. O ideal é consumir laticínios desnatados e queijos brancos, como o queijo minas, cottage, ricota. 

3. Embutidos

Mortadela, salame, presunto, salame, salsicha e linguiça são alimentos com bastante gordura. Ser for consumir embutidos, evite os de origem suína, que são mais maléficos. 

4. Produtos à base de nata

Creme de leite, chantilly, manteiga e requeijão. Esses alimentos trazem alto índice de gordura saturada e colesterol. Prefira versões desnatadas e light. 

5. Carnes gordas

Carnes vermelhas com gordura e pele de aves são ricas em gordura saturada. Prefira cortes magros (lagarto, alcatra, patinho, peito de frango) e tire toda a gordura aparente. O modo mais saudável de prepará-los é na grelha. 

É bom evitar também alimentos como gema de ovo, óleo de dendê e industrializados como sorvetes, salgadinhos, biscoitos e bolachas. 

Ajudam a baixar o colesterol ruim: 

1.Frutas

Auxiliam no combate do alto colesterol (LDL). Goiaba, kiwi, morango, laranja contêm vitamina C e são aliadas da saúde do coração, pois evitam a formação de placas de gordura. 

2.Peixes

As gorduras insaturadas, encontradas em peixes, colaboram na redução dos níveis de triglicerídeos. São fontes de ácido graxo e ômega 3, tipo de gordura boa e insaturada. Ajuda no controle e redução dos níveis de colesterol total do sangue. Além de reduzir a formação de coágulos e colaborar com a prevenção das doenças cardiovasculares. 

3. Ricos em fibras

Os alimentos ricos em fibras insolúveis, como aveia, granola e linhaça, melhoram a circulação e inibem a absorção de gordura. As nozes e castanhas também possuem grande quantidade de antioxidantes, responsáveis por combater o envelhecimento celular e prevenir doenças coronárias. 

Fonte: Ricardo Rodrigues, cardiologista (Londrina)

Reportagem Local
Folha de Londrina
08/08/2014
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